Arqueoptérix era mais dinossauro que ave

Novas análises da estrutura microscópica dos ossos do extinto arqueoptérix, publicadas nesta semana na revista PLoS One, revelam que este animal era mais dinossauro que ave. O estudo é uma parceria entre pesquisadores dos Estados Unidos, Alemanha e da China.

Tecnicamente falando, aves são dinossauros. Porém, o arqueoptérix tinha um crescimento mais lento, seus ossos não cresciam tão rapidamente quanto as aves modernas. O que a pesquisa mostra é que, diferente do que se pensava antes, o crescimento rápido dos ossos não é um pré-requisito para o voo, pois o arqueoptérix voava mesmo tendo crescimento mais lento.

Observar um bando de arqueoptérix há 150 milhões de anos atrás deveria ser bem diferente de observar um bando de aves modernas. Devido a seu crescimento acelerado, os indivíduos adultos de uma espécie como o pombo urbano, por exemplo, parecem todos iguais em tamanho. Os grupos de arqueoptérix teriam uma aparência distinta, com indivíduos de vários tamanhos diferentes voando por aí.

O primeiro fóssil de arqueoptérix foi achado em 1860, um ano depois de Darwin ter publicado sua obra maior. Na época, a peça paleontológica ajudou a convencer muitos sobre a veracidade da evolução: um animal com características reptilianas (dentes, garras, e cauda óssea) apresentando uma vasta cobertura de penas só pode ser evidência de que nem sempre as criaturas providas de dentes foram desprovidas de penas, nem as criaturas com penas foram sempre desprovidas de dedos e garras nos membros superiores.
Uma conclusão rápida, portanto, seria de que o arqueoptérix tivesse sido a primeira ave. Porém, é também uma conclusão baseada em poucas evidências. As características extraordinárias do arqueoptérix indicavam a inequívoca ancestralidade comum entre aves e dinossauros (o fato de terem evoluído a partir de uma mesma origem), porém eram insuficientes para afirmações sobre a posição deste fóssil neste processo.

Agora, com a análise de Norell, Erickson, Zhonghe Zhou e colaboradores, há mais evidências para resolver essa história: os pesquisadores cortaram finíssimas fatias dos ossos longos do arqueoptérix e de outros fósseis como Jeholornis prima (considerado uma ave primitiva), Sapeornis chaochengensi (que tem três dedos e dentes), Velociraptor mongoliensis (um dinossauro considerado próximo das aves), Mahakala omnogova (que parece uma miniatura do arqueoptérix) e Ichthyornis dispar (um fóssil de 94 milhões de anos mais parecido com as aves), entre outros.

A análise mostrou que os ossos do arqueoptérix eram como os ossos de dinossauros como o Velociraptor (assim como os dos fósseis Jeholornis e Sapeornis), o que significa que o arqueoptérix crescia lentamente, em cerca de 970 dias até a idade adulta, quando atingia o tamanho aproximado de um corvo. Os ossos do arqueoptérix tinham poucos vasos sanguíneos, como os ossos de um lagarto, diferentes dos ossos das aves, que têm muitos vasos sanguíneos.

Outros fósseis, como Ichthyornis e Confuciusornis mostraram ter estrutura óssea mais próxima da observada em aves atuais, o que sugere que boa parte da fisiologia das aves surgiu depois do advento evolutivo do voo.

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